A esteira do tempo: todo futuro sempre virará passado, mas nem toda experiência gera aprendizagem. Depende de cada um.

A esteira do tempo: todo futuro sempre virará passado, mas nem toda experiência gera aprendizagem. Depende de cada um.

Na esteira do tempo, o futuro dita a qualidade do presente e do passado. E por outro lado, esse passado tem a capacidade de gerar experiência para se melhorar a tomada de decisões para o futuro num círculo virtuoso.

No final, tudo se resume num propósito de melhor qualidade e cujo presente valerá a pena ser vivido.

Tomar decisões é sempre voltado para o futuro.

Estamos decidindo a cada segundo em nossa vida pessoal e profissional. A decisão sempre será pautada por um grau de incerteza, fruto da falta de todas informações necessárias e da possibilidade de erro naquelas disponíveis. Ambas ainda são multiplicadas pela falta de visão integrada das coisas. A resolução 4.557 do Banco Central, aplicável às instituições financeiras, busca tratar desse assunto.

Quanto mais alto o cargo gerencial, maior efeito multiplicador dessas decisões, na mesma proporção das dificuldades em reunir informações que facilitem esse processo.

Decidir é sempre voltado para o futuro. Não se decide nada para o passado. A decisão tomada agora buscando um resultado futuro afetará o presente, este sim, a forma prática de atuação direta dentro da linha do tempo.

Presente é volátil, a etapa mais curta, mas também a mais prática da esteira do tempo.

O presente é o tempo mais volátil e curto, mas de maior praticidade dentre os três. Ao pensarmos no que fazer no futuro daqui a um segundo, ele já virou passado.

Não é estocável e todos temos uma quantidade limitada de vezes para usufrui-lo. No nível pessoal, só não sabemos qual é o tamanho do estoque a ser usufruído. No nível corporativo, presume-se que seu tempo de vida é impessoal e deveria se prolongar ao longo de diversas gestões. Para isso, seus processos e base de conhecimento deveriam ser posse da organização e não restritos dentro da cabeça de poucos colaboradores.

O presente é o ínfimo instante que transforma o futuro em passado. Dentro dessa esteira, o produto final dessa linha de produção é a realização. É a realização pessoal dentre objetivos traçados e alcançados, ou no nível corporativo, o sucesso em oferecer produtos e serviços úteis a seus clientes.

Também é o momento de buscar soluções aos desafios adversos não previstos no planejamento. Muitas vezes, ajustes no decorrer da execução podem gerar resultados até melhores que qualquer planejamento imaginado. Mas ainda assim, planejar é necessário, até porque é daí que vem o faremos no presente. Sem planejamento de onde chegar no futuro, qualquer caminho serve, inclusive os piores possíveis.

Passado é a base da curva de aprendizagem

O passado é o tempo imutável e em algum momento, todo futuro e todo presente se transformam em passado. Ele só tende a aumentar. Se bem utilizado, essa experiência será base para a curva de aprendizagem, tanto na vida pessoal como corporativa. A experiência comprova ou derruba teorias. Mostra erros e acertos. Retrata aplicações completas ou parciais, com ou sem sucesso. Teorias que forem fruto de estudos e experiências alheias já vividas, aos serem reproduzidas em nossa realidade, devem respeitar e reconhecer características particulares permitindo suas respectivas adaptações.

Investimentos em renda variável sempre nos alertam com o termo ‘desempenho passado não é garantia de desempenho futuro’. Isso porque TODAS variáveis dificilmente serão IGUALMENTE E TOTALMENTE reproduzidas novamente. Mas o passado pode reduzir o grau de incerteza na tomada de decisões, na medida em que haja grande quantidade de fatores repetitivos. O inverno e a obstinada resistência russa derrotaram Napoleão Bonaparte. Pouco mais de cem anos, junto de outras variáveis completamente diferentes, essas mesmas variáveis também ajudaram a derrotar Hitler.

Estudar o passado alheio, vastamente documentado na literatura e na WEB, permite evitarmos ter de passar pelas mesmas ‘dores’, reduzindo tempo, custo e desgaste das mais variadas formas. Ele amplia nossa limitação física e temporal de experimentação direta. Não temos como estar em todos os lugares nem viver diferentes épocas ou conviver com todos que gostaríamos de conhecer.

Em contraste a essa vasta documentação, estranhamente perdemos nosso próprio passado, em geral dependendo exclusivamente de nossa memória pessoal. Surpreendente é as organizações também sofrerem dessa amnésia corporativa, uma vez que sua perpetuação deve presumivelmente extrapolar um tempo maior ainda.

Experiência nem sempre gera aprendizagem

Adicionando a própria experiência passada ao conhecimento obtido de outras fontes, eliminamos excessos e adequamos às nossas particularidades, calibrando o nível adequado desse conhecimento combinado na próxima tomada de decisões. Parece intuitivo, mas nem todos usufruem dessa experiência passada para realizar uma melhoria contínua. Alguns fatores:

– Não possuem essa base de conhecimento documentada, caindo no esquecimento. Nas organizações, essa perda é ampliada por muitas experiências virarem propriedade pessoal e não corporativa, perdendo-as nos processos de rotatividade de colaboradores.

– Possuem essas informações, mas estão dispersos e de difícil localização, anotados ainda em papéis ou digitalizados, mas em arquivos diversos de forma desorganizada.

– Sem cultura de melhoria contínua, não reconhecendo erros para aumentar o nível de acertos futuros. Isso não permite evitar repetir experiências danosas ou não permite reproduzir experiências de sucesso do passado.

– E de forma cíclica e retroativa, montar essa base de conhecimento do passado também depende de a cada momento presente. Isso exige motivação e divulgação de propósito, pois armazenar e catalogar informações exigirá dedicar um certo tempo que geralmente nunca temos sobrando.

Enfim, tempo é o único recurso não estocável. Ele será gasto, independentemente de ter sido bem ou mal utilizado. E às organizações, uma alternativa é a adoção de soluções que visem formar sua base de conhecimento corporativo e reduzir o trabalho intelectualmente repetitivo, liberando tempo para atividades decisórias, criativas e de gerenciamento dessa curva de aprendizagem, permitindo uma real melhoria contínua em todos aspectos.

Um bom fim de semana a todos.

Yoshio Hada

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