Do ‘Trem das Onze’ até a Paulista: a história da cidade dentro de nossa história

Nossa nova sede: Avenida Paulista. Ambas, nova e antiga sede se cruzam com pontos históricos da cidade de São Paulo de projeção nacional.

A antiga sede na Parada Inglesa era uma das estações do ‘Trem das Onze’ até o Jaçanã de Adoniram Barbosa. Carandiru (Casa de Detenção), Cumbica (Aeroporto Internacional de Guarulhos), Reservatório da Cantareira (crise da água) e agora a Avenida Paulista completam essa lista de coincidências.

Tramway da Cantareira ou Estrada de Ferro Cantareira

Essa ferrovia foi originalmente construída em 1893 para transporte de materiais utilizados na construção da adutora de água do reservatório da Cantareira para São Paulo. Há mais de 125 anos o abastecimento de água já era uma preocupação, naquela época mais por conta de transportá-la e não pelo atual assoreamento dos rios afluentes e dependência do regime de chuvas. Essa ferrovia marcou o início do desenvolvimento da zona norte da cidade, cuja inauguração contou com a presença de diversas autoridades, tais como o arquiteto Ramos de Azevedo, Bernardino de Campos, José Pereira Rebouças e Cerqueira César.

O Ramal Guapira da Parada Jaçanã da canção ‘Trem das Onze’

A construção desse ramal foi iniciada em 1908, partindo da linha tronco na Estação Areal, em frente da antiga Casa de Detenção do Carandiru (na atual estação do Metrô). Esse ramal terminava na Parada Jaçanã, imortalizada pela canção de Adoniran Barbosa tendo de ‘pegar esse trem até às onze horas senão só amanhã de manhã’. Apesar do horário não ser fidedigno na canção e não ser a linha principal, esse ramal era o mais extenso com cerca de 20,7km de trilhos, cortando os bairros do Carandiru, Parada Inglesa, Tucuruvi, Vila Mazzei e Jaçanã em São Paulo, e da Vila Galvão até Cumbica em Guarulhos, cujo bairro é o da base da força aérea e o atual aeroporto internacional.

Nossa antiga sede sob a Parada ‘Ingleza’

Nossa sede ficava na rua do Tramway, onde um lado das calçadas é um típico corte nas montanhas para passagem de ferrovias. Contam os moradores antigos que esse prédio havia sido erguido na própria esquina ou na esquina do lado da antiga estação Parada ‘Ingleza’ no cruzamento dessa rua com a rua Inglesa. Inaugurada em 1927, essa estação foi demolida em 1965 com a desativação desse ramal. Atualmente, descendo dois quarteirões abaixo da rua Inglesa, encontra-se o acesso à estação da linha 1-Azul do metrô, mas agora grafado como ‘Parada Inglesa’. 

A avenida Paulista

Em 1891, a avenida Paulista foi inaugurada como alternativa residencial às já valorizadas regiões do centro. A região era passagem de boiadas a caminho do matadouro e a ocupação da avenida foi iniciada pela venda de dois terrenos do casal Pamplona ao engenheiro Joaquim Eugênio de Lima, em sociedade com João Borges de Figueiredo e João Augusto Garcia. Com cerca de 3,5 km de comprimento e 12 m de largura, era dividida numa parte para bondes coberta por pedregulhos brancos, a parte central para carruagens e outra para cavaleiros. Foi ocupada por casarões dos barões do café e também foi a primeira via pública asfaltada da cidade em 1909 com material importado da Alemanha, novidade até para Europa e Estados Unidos. Alguns desses nomes, além de Rebouças, Bernardino de Campos e Cerqueira César, presentes na inauguração do Tramway da Cantareira, dão nome a ruas e bairro dessa região. Atualmente o vão livre do MASP, o edifício em estilo piramidal da FIESP, a Corrida de São Silvestre e incontáveis eventos dão projeção nacional à avenida.

Casa das Rosas: um dos últimos casarões preservados da avenida Paulista

Antecedendo a verticalização a partir da década de 40, foi construída em 1935 a partir do projeto do escritório sucessor de Ramos de Azevedo. Inicialmente habitada por uma de suas filhas e depois seu neto, Ramos de Azevedo também esteve presente na inauguração do ‘Tramway da Cantareira’. Seu escritório assinou projetos conhecidos como o Teatro Municipal de São Paulo, Mercado Municipal de São Paulo (Mercadão) e Pinacoteca do Estado, dentre outros. Tombado a partir de 1985, sua construção e jardins são preservados, convivendo com o edifício construído no lote do seu terreno junto com um estabelecimento de alimentação instalado na sua antiga cocheira.

Deslocamento até a nova sede no edifício dentro do terreno na Casa das Rosas

Próxima à praça Oswaldo Cruz, shopping Pátio Paulista, Japan House São Paulo, rua Treze de Maio (reduto de cantinas no seu prolongamento dentro do bairro do Bexiga), é possível deslocar-se a pé a partir das estações do Paraíso ou Vergueiro da linha 1-Azul ou estação Brigadeiro da linha 2-Verde, no ponto turístico 36 do próprio site do metrô (http://www.metro.sp.gov.br/pdf/folder_turismo.pdf). O terreno possui acesso tanto pela avenida Paulista como pela alameda Santos (rua paralela de trás) tornando-se uma agradável passagem entre essas vias ao percorrer o preservado jardim de rosas. Pode-se sentar nos bancos à sombra de suas árvores ou saborear um café no estabelecimento da antiga cocheira, além da visitação ao casarão preservado com sua permanente agenda cultural. 

Gratidão e mais um capítulo sendo escrito

Gratidão à Zona Norte que nos acolheu por mais de quatro anos com nossa primeira sede. Mas agora é hora de apresentar nossas novas credenciais na Avenida Paulista, graças à confiança de clientes que nos permitiram investir e escrever mais um capítulo em nossa própria história.

Uma boa páscoa a todos.

(*) Fonte histórica e ilustrações:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tramway_da_Cantareira

https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_das_Rosas

https://pt.wikipedia.org/wiki/Avenida_Paulista

http://www.metro.sp.gov.br/pdf/folder_turismo.pdf

Yoshio Hada

yoshio.hada@basileia3.com.br

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